You lock the door and throw away the key
There's someone in my head but it's not me.
Em psicologia, "terapia" é o nome dado às práticas clínicas baseadas nas inúmeras teorias que se desenvolvem como reação à psicanálise, isto é, nas teorias que nascem da trágica constatação de que os escritos de Freud (e depois de Lacan) são muito difíceis de entender, sua prática extremamente dolorosa e suas consequências mais difíceis ainda de aceitar. Aliás, essa divisão é bastante clara mesmo na fala comum: se alguém nos diz que está "fazendo terapia", nós imediatamente sabemos que o terapeuta não é um psicanalista. Se fosse, a mesma pessoa nos diria que está "fazendo análise".
Essa psicologia ingênua por opção vai buscar abrigo em repaginações do senso comum, em alguma biologia simplista e na medicalização psiquiátrica, se transformando rapidamente em uma espécie sofisticada de "cargo cult" do sintoma. O princípio fundamental de um "cargo cult" é a crença de que se as aparências (as pistas de pouso, os hangares, os armazéns) forem reproduzidas, a essência (a carga em si) voltará a aparecer. No caso da Psicologia do Sintoma, o dogma fundamental é que se os efeitos puderem ser eliminados de alguma forma, se o comportamento manifesto do paciente puder ser normalizado, suas causas vão desaparecer (ou no mínimo se tornar irrelevantes). Para todos os efeitos práticos, a essência do ser se iguala a sua aparência.